[Artigos do Expresso] NBA: Poder aos jogadores

[Recuperação de um arquivo desaparecido, com a publicação de artigos que, ao longo do tempo, foi escrevendo para o Expresso. Este foi escrito em outubro de 2019.]

Numa era em que a vontade do jogador impera sobre as equipas, para onde caminha o maior campeonato de basquetebol do mundo?

A história da NBA foi construída numa base de luta e inovação que permitiu a este campeonato ter uma dimensão universal de um tamanho que se superioriza à própria modalidade e à federação que a organiza a nível mundial. Isso obriga-nos a olhar para a competição como o campo onde as coisas acontecem primeiro. E o que está a acontecer na NBA, neste momento, é a conquista do poder de decisão pelos jogadores.

“Eu quero, eu posso, eu vou”

As estrelas da NBA mudam, hoje, de cidade e de equipa com uma velocidade e uma normalidade pouco vista há uns anos atrás. Atletas que não dependem exclusivamente do seu contrato com uma equipa para o bolo salarial que recebem todos os anos, ganham independência no momento de decidir sobre o seu futuro.

Kawhi Leonard, campeão na época passada com os Toronto Raptors, cumpriu a promessa de uma passagem breve pelo conjunto canadiano e aterrou em Los Angeles, onde vai tentar quebrar um dos mitos da NBA. Os Clippers sempre foram a vítima de bullying da Liga, a equipa que se especializou em falhar, mas, com o jogador que já foi campeão três vezes, promete quebrar o feitiço. Leonard “chamou” para o seu lado Paul George, um dos jogadores que deixou Oklahoma, para formar uma dupla bastante competitiva.

Pela frente terá, no entanto, uma equipa dos Lakers que parece também regressar aos tempos em que pode fazer os seus adeptos sonhar. A chegada de Lebron James na época passada não foi suficiente para os transformar num conjunto de playoff, mas foi o próprio “King James” quem definiu o alvo que faltava para fortalecer o seu jogo. Chega Anthony Davis, figura de proa da Liga em New Orleans. Em LA, poderá rapidamente transformar-se no centro do jogo dos Lakers.

Outra das estrelas que percebeu ter chegado o tempo de mudar de ares foi Russell Westbrook, mudando-se para Houston, onde irá encontrar um velho conhecido, James Harden. No Este, foram os Brooklyn Nets a juntar uma série de jogadores que poderão colocar a equipa no topo dos favoritos dentro de um ano. Kevin Durant assinou e terá um ano para recuperar de lesão, enquanto, em campo, Kyrie Irving e DeAndre Jordan serão figuras de monta.

Ainda assim, com o MVP Giannis Antetokounmpo nos Milwaukee Bucks e Joel Embiid nos Philadelphia Sixers, aponta-se para uma temporada onde as duas equipas estarão na discussão pela chegada à final. O impacto que o jogador grego tem no jogo, sendo um forte candidato a conjugar o título de melhor jogador com o de melhor defensor na presente temporada, fecha um pouco as portas a outras candidaturas nesta conferência.

O basquetebol da NBA é, cada vez mais, um jogo onde não há tempo para construir equipas. O poder de decisão dos jogadores, dentro e fora de campo, a falta de oportunidade para construir equipas a partir do Draft e a pressão sobre os treinadores que impõe estilos de jogo mais complexos levam a uma transformação fundamental do que era e do que passou a ser o jogo.

O jogador do futuro, novidades e polémicas

Zion Williamson foi a primeira escolha do Draft, oferecendo aos New Orleans Pelicans uma nova pérola para polir. No entanto, o jovem que teve uma carreira meteórica na Universidade de Duke explodiu com todas as expetativas na pré-temporada. Uma autêntica força da natureza perto do cesto, Williamson ameaça ser um fator de diferenciação no imediato, ainda que um problema no joelho o deixe de fora nas primeiras semanas da competição.

Uma das grandes novidades para quem vai assistir aos jogos será a possibilidade de, tal como na NFL, os treinadores da NBA terem agora direito a um “challenge” por jogo – terão oportunidade de pedir a revisão de uma decisão de arbitragem por partida. Sendo natural que se guarde a oportunidade para os momentos decisivos da partida, nesse período, o “challenge” será limitado às faltas pessoas assinaladas à equipa. Ainda assim, uma situação que poderá mudar o rumo do jogo.

Num início de competição que está, também, marcado com a polémica entre a NBA e a China, com a perspetiva de perda de uma parte importante dos patrocínios com origem naquele país, as expetativas e ambições são as do costume. O percorrer de uma longa fase regular, cheia de histórias e inquietações, para que tudo culmine no grande espetáculo dos playoffs. Em junho, teremos novo campeão.

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