Iniciado o Europeu de Futebol Feminino, Portugal prepara-se para fazer a sua estreia no próximo sábado, frente à Suíça. Olhamos para a forma como a seleção portuguesa jogará nesta competição.
Os jogos de preparação ajudaram Francisco Neto a consolidar as suas ideias de jogo, ao mesmo tempo que pôde aprimorar os comportamentos que espera ver nas suas jogadoras. Com o nível competitivo a elevar-se bastante num grupo onde encontrará equipas que são superiores às portuguesas, a Seleção terá que provar a sua capacidade para estar à altura das exigências.
Onze provável, princípios e comportamentos

No que toca à organização em campo, Francisco Neto encontrou no 1-4-3-1-2 a melhor forma de arrumar o talento que tem disponível. A linha defensiva tem-se demonstrado sólida e organizada, com Catarina Amado a comportar-se como uma lateral mais ofensiva e Joana Marchão a alinhar-se, muitas vezes, como um elemento mais resguardado, na linha do seu comportamento num Sporting a jogar em linha de 3. No centro, Carole é líder da equipa, com Diana Gomes a partir como titular, mas Sílvia Rebelo também nessa luta pela titularidade. Na baliza, Inês Pereira e Patrícia Morais são duas opções sólidas, com a jogadora do Servette a partir ligeiramente na frente, mas sem a certeza de que será titular.
O meio-campo perdeu, na última hora, Andreia Jacinto, mas pelo que vimos perante a Austrália, Dolores, Tatiana e Andreia Norton asseguraram a titularidade. Dolores Silva posiciona-me de forma mais central, apoiada em Andreia no trabalho do médio-centro, com Tatiana Pinto a deslocar-se mais na faixa quando a equipa tem a bola, até respeitando o comportamento da lateral-esquerda mais recatada. Kika está sempre muito envolvida no trabalho de posse, sendo claramente uma jogadora-alvo na busca de criatividade, podendo também contar-se com a capacidade de progressão de Norton.
A frente é ocupada por Jéssica Silva e Diana Silva, uma dupla de velocidade e com clara capacidade para transformar o jogo da Seleção numa estrutura pensada para contra-atacar. A velocidade e a qualidade técnica de Jéssica são muito diferenciadoras e poderão ajudar Portugal a soltar-se em jogos onde, à partida, terá menos bola que o seu adversário. A questão da posse será, obviamente, muitas vezes colocada à equipa portuguesa. Pela capacidade das suas jogadoras e por ideia do seu treinador, Portugal é uma equipa de posse. No entanto, os seus adversários terão capacidade para se superiorizar nesse elemento. O primeiro jogo será um momento de afirmação para uma equipa que procurará afirmar-se a um nível mais elevado do que a sua experiência deixa adivinhar.
Por outro lado, e o jogo frente a Austrália foi um bom testemunho disso, bem como têm sido outros jogos de preparação onde se marca esse elemento como tendência, a defesa no meio-campo adversário poderá ser uma arma para encontrar oportunidades de golo. Na preparação, Portugal mostrou uma pressão muito bem elaborada, pelo que tentará, sem dúvida, exercê-la perante uma Suíça que surgirá como alvo a abater. Por outro lado, em momentos de organização defensiva, Diana Silva poderá fechar na faixa-direita, com Portugal a organizar-se em 4-4-2, ou mesmo abdicando de uma dupla na frente, deixando apenas Kika no meio e Jéssica caindo para a esquerda, ver Portugal a defender em 4-5-1.
Suíça chumbou nos testes de exigência
A Suíça optou por uma preparação de exigência alta, saindo goleada perante a Alemanha (0-7) e a Inglaterra (0-4). No entanto, esta é uma tendência mais larga. As suíças não venceram nenhum dos últimos nove encontros disputados, incluindo aqui os play-offs, onde precisaram dos penáltis para afastar a República Checa e jogos frente a outras equipas que estarão presentes no Euro 2022, como a Bélgica (derrota por 0-4), Áustria (derrota por 0-2), Itália (derrota por 0-1) e Irlanda do Norte (empate a duas bolas). Frente a estes adversários só marcou mesmo frente às norte-irlandesas, a equipa de ranking mais baixo presente na prova, o que deixa adivinhar fragilidades.
Organizada preferencialmente em 4-2-3-1, com algumas variantes testadas ao longo dos últimos anos, a Suíça funda o seu jogo na capacidade de organização de Lia Walti, capitã da equipa que brilha no meio-campo do Arsenal, e nas avançadas Ana-Maria Crnogorcevic, do Barcelona, e Ramona Bachmann, do Paris SG. Nos jogos de preparação deixou péssimos sinais na forma como erros individuais condicionaram as suas exibições, mas os resultados podem parecer algo exagerados se olharmos para os comportamentos que a Suíça apresentou. O mau momento no que toca a resultados não deve servir como elemento de distração perante a valia da equipa helvética.

A última vez que as duas equipas se defrontaram, na Algarve Cup em 2019, a Suíça venceu por 3-1, com golos de Crnogorcevic, Kiwic e Muller, enquanto Andreia Norton marcou para Portugal.
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