Saíram derrotadas do encontro com os Países Baixos, mas continuam a somar provas de um crescimento inegável em termos competitivos. Portugal ainda sonha com os quartos-de-final, que podem ser alcançados através de uma vitória frente à Suécia no próximo domingo. Mas, acima de tudo, dá mostras de uma capacidade que poucos reconheciam como possível à partida para o Euro 2022.

Ao segundo jogo, a prova dos nove
A grande questão que se colocava à seleção portuguesa neste Euro 2022 estava ligada ao facto de, depois de ter sido afastada no playoff pela Rússia, esta equipa poder não estar preparada para enfrentar um nível competitivo que a colocaria perante algumas das melhores equipas da Europa. Ao segundo jogo, a prova dos nove está realizada e o conjunto orientado por Francisco Neto deixou claro que sim, tem nível para se medir com as melhores equipas e as melhores jogadoras e, a acrescentar a isso, tem capacidade para poder ganhar pontos frente a estas equipas. A diferença já não está, sequer, em pormenores, mas sim em acertos que Portugal pode e deve ultrapassar nos próximos compromissos.
Os cinco golos sofridos por Portugal nos dois jogos do Euro 2022 dividem-se entre bolas paradas e remates de fora da área. O controlo do espaço em zonas de remate será um dos dados que o meio-campo português poderá melhorar, mas na maneira como a equipa se posiciona em campo, esse será um dado já visto e revisto pela equipa técnica. A qualidade individual das jogadoras adversárias, no caso desta partida, Danielle van de Donk, ajuda a marcar diferenças que podem continuar a ser encurtadas. No que toca às bolas paradas, é um problema mais recorrente nas equipas portuguesas – não sendo propriamente surpreendente tendo em conta o alargadíssimo número de golos marcados nesta prova a partir de esquemas táticos. Mas volta a ser um problema de controlo de espaços e posicionamento. Portugal demonstra pouca agressividade no controlo dos espaços e pagou um preço alto nesta partida.
Na forma de arrumar a equipa, Francisco Neto repetiu a fórmula inicial, com Diana Silva a surgir no apoio a Ana Borges e Jéssica Silva, mas a perder por 0-2 considerou a alteração de mudar do 4-3-1-2 para o 4-3-3, encontrando em Diana Silva a fórmula para ter um pouco mais de agressividade na chegada a área. Uma vez mais, Portugal revelou-se mais confortável com bola, o que é outro dos dados muito observados nesta competição. Raras são as equipas que se escudam em blocos baixos, encontrando melhores condições de se apresentar perante o jogo e competir com mentalidades competitivas que incluem momentos de pressão e elementos a subir no terreno. Consultando os dados estatísticos do TheAnalyst, Portugal destaca-se com um PPDA de 9.4 ações defensivas por passe adversário (o 4º do Euro), sendo também a 5ª equipa a iniciar os seus ataques mais longe da linha da sua baliza (45,8m). Mas perante o contexto do jogo frente aos Países Baixos, Portugal também subiu na tabela dos ataques diretos, estando agora no lote das equipas que mais recorrem a esta arma (ainda assim, apenas 4 vezes).
O óbvio crescimento da equipa portuguesa coloca-nos, também, outras responsabilidades. Mantendo-se em aberto a possibilidade de atingir os quartos-de-final, vencendo o confronto com a Suécia e esperando que os Países Baixos não saiam derrotadas da sua partida frente à Suíça, o que é certo é que o favoritismo continua a estar do lado das adversárias. Mas a capacidade de assumir riscos é outro dos dados onde Portugal poderá ainda melhorar. Nesse sentido, o último jogo da fase de grupos poderá transformar-se numa derradeira etapa de aprendizagem para a equipa lusa, com a vontade de marcar diferenças e alcançar o objetivo do apuramento.
Apuradas e contas da última jornada
Inglaterra, Alemanha e França já têm presença garantida nos quartos-de-final do Euro 2022. No Grupo A, Áustria e Noruega enfrentam-se com o objetivo de garantir a segunda posição, o mesmo acontecendo, no Grupo B, na partida entre Dinamarca e Espanha. No Grupo D, as contas fazem-se a três, com a Islândia (com 2 pontos) a defrontar a França, enquanto Itália e Bélgica (ambas com 1 ponto) a sonharem também com o apuramento. No Grupo C, todas as quatro equipas poderão ainda aceder à próxima ronda, ainda que Países Baixos e Suécia, ambas com 4 pontos, detenham favoritismo em relação a Portugal e Suíça, com 1 ponto somado em duas jornadas.
Portugal – Suécia na Antena 1
Os jogos da seleção portuguesa têm transmissão na Antena 1. Cláudia Martins está em Leigh para fazer o relato do encontro, que terá os comentários de Luís Cristóvão e da convidada Mariana Cabral. A emissão é coordenada por Noémia Gonçalves.