A primeira vez de Roberto Martínez

A convocatória de Roberto Martínez traz uma renovação na postura, uma oportunidade para Cristiano Ronaldo, responsabilidade para novos e experientes, um leve toque de injustiça. Tento explicar porquê.

Sem ruturas, mas com renovação no discurso e na postura. Já se tinha ficado com essa ideia na apresentação, reforçado no especial dedicado ao técnico no Canal 11 e, hoje, com a forma como justificou presenças e ausências da lista de 26 nomes que estarão nos dois primeiros encontros de Roberto Martínez com a seleção portuguesa.

Cristiano Ronaldo com oportunidade

Cristiano Ronaldo parece ser o caso que mais importa notar neste momento. É o único jogador da convocatória que não está numa Liga de topo ou que não participa nas principais competições internacionais. O seu estado de forma talvez não justificasse a chamada. Mas Roberto Martínez dá uma oportunidade a um jogador que tem feito parte da história dos últimos 20 anos da seleção. É tempo de Cristiano Ronaldo perceber que o seu enquadramento na seleção se fará com menos minutos, mas com presença em momentos de decisão. O selecionador dá a entender que a continuidade na equipa está agora dependente da forma como Cristiano Ronaldo verá o seu papel. Responsabilidade entregue.

Novo sistema em vista

Responsabilidade também para os dois “novatos” da convocatória de Martínez. A chamada de Gonçalo Inácio e Diogo Leite são um claro sinal de maleabilidade tática que o técnico espanhol procura trazer para a equipa. Dois centrais canhotos, que estão rotinados na linha de 3 defesas e que poderão, até, estar a lutar por um lugar no onze titular. Por outro lado, há responsabilidade para jogadores que, não estando no seu melhor momento, se vêem incluídos no grupo. Diogo Jota e Matheus Nunes têm fortes candidatos aos seus lugares na ânsia de entrar na equipa. Merecem a confiança de Roberto Martínez porque o seu ponto de partida foi a continuidade, olhando para a convocatória presente no Mundial do Catar. Mas para manter o lugar vai ser preciso bem mais do que a história.

Injustiça para Florentino e Pedro Gonçalves

Palavra final para as injustiças da lista. Roberto Martínez refere que existem 35 jogadores que poderiam estar nesta chamada. Tentei fazer o exercício e aumento esse número para 40 ou 42 nomes. Mas os dois casos referidos na conferência de imprensa merecem reflexão. Florentino perde a corrida para um Danilo que pode fazer duas posições e não ultrapassa um Rúben Neves que tem um raio de ação mais alargado – e aqui podem entrar em linha de conta os adversários que Portugal enfrentará, Liechstenstein e Luxemburgo. Pedro Gonçalves é também difícil de entender, até porque, na ideia de um 3-4-3, está muito familiarizado com com essa estrutura. Mas o ponto de partida não levou Martínez para dar uma oportunidade a dois jogadores que têm estado em destaque na Liga Portuguesa e nas competições europeias.

Agora, para treinador e para jogadores, é momento de mostrar argumentos em campo.

Lê o meu artigo desta semana no AbrilAbril, Évora e Pichardo: da polémica aos argumentos que merecem debate

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